sábado, 17 de janeiro de 2009

o Brasão de Armas de Paraibuna

Paraibuna
por Célio de Abreu



Assim como o nome de muitos municípios espalhados pelo mundo, o nome de nossa cidade tem sua origem nas tradições lingüísticas dos primitivos habitantes locais, os Tamoio.

O brasão da cidade também traz algumas referências às histórias da antiga Paraibuna do século XVI.

A Corôa

Acima do brasão, temos a Corôa que faz referência a Portugal, país que descobriu estas terras no ano de 1500, e acima dela o pássaro Martim Pescador, o Ariramba, como os nativos o chamavam.

Cabe aqui um comentário sobre o estudo de heráldica.

Nem este pássaro, nem qualquer outro elemento pode estar estampado acima da coroa do país colonizador, assim como por exemplo, não encontramos nada acima das coroas dos brasões de nossos vizinhos de origem espanhola.

Campo de Golês

As várias cores deste campo tem significados diferentes e a cor vermelha representa o sangue derramado de algum mártir ou outro motivo que esteja ligado diretamente ao processo de organização social de uma vila, um povoado, uma aldeia, uma freguesia etc.
Com referência ao nosso caso, a cor vermelha se refere ao sangue derramado nas batalhas entre os Tamoio, Tamuya, Tamujo e os colonizadores portugueses.

Os Rios

A letra Y invertida em cor prata representa nossos principais rios, também com denominação indígena, Paraitinga, Paraibuna e o Paraíba que traduzidos do tupi, para o português, são os ‘rios de água clara’, ‘rios de água escura’ e ‘rio ruim, de água ruim ou difícil de navegar’.

O Elemento Peixe

Dentro destes rios encontram-se três peixes da espécie Piabanha (Brycon insignis).

Assim como no caso do Martim Pescador, não podemos denominá-los como sendo da espécie piabanha, pois o estudo de heráldica prevê neste campo prata apenas a existência de peixes, de leões, veados, ursos, sem, no entanto denominá-los com designações de espécie.

Os Morros

O morro na segunda metade inferior, diz respeito ao serrote da samambaia, um prolongamento da serra da Bocaina, que tem seu ponto mais alto próximo à cidade de Areias, Bananal e seu fim próximo à fazenda Serrote, próximo à divisa de Paraibuna com o município de Santa Branca.

No sopé deste ‘serrote’, nos córregos que deságuam no ribeirão dos Três Monjolos próximo ao rio Paraíba do Sul, no bairro do Itapeva em 1597 o português Martim Correia de Sá e seus homens fazem registro de lavras de pequenas pedrinhas de ouro –Itapeva- ou ‘pepitas’ como se diz em língua espanhola e que dá nome a um bairro local.

E depois atravessaram esta serra e chegaram à futura Nossa Senhora das Dores do Capivary (Jambeiro) e depois passaram por São José dos Campos seguiram em direção a serra da Mantiqueira procurando o rio Sapucaí.

O Animal

Outro equívoco presente em nosso brasão é a presença de um boi Zebu também na parte inferior do escudo, já que como citado acima, não há a referência desta espécie de animal na ciência heráldica, apenas encontramos gaviões, ursos, leões, veados etc.

As Ramas

Ao lado do Brasão temos duas ramas, uma de café e outra de cana de açúcar.

Com relação à produção de café é inegável que Paraibuna tenha em alguns períodos, figurado entre as maiores produtoras desta rica rubiácea no século XIX.

Com relação à produção de açúcar, ainda não dispomos de registros que nos apontem Paraibuna como grande produtora de derivados de cana de açúcar sobre o nome de algum engenho, seus proprietários, onde o açúcar era comercializado, produção etc.

A única informação encontrada até o momento é o estabelecimento de um engenho em Paraibuna registrado por Daniel Pedro Muller em seu ‘Ensaio Chorográfico da Província de São Paulo’, relatando que nesta localidade existia no ano de 1836 um engenho de açúcar.

A Cártula

Devido à qualidade da água de nosso subsolo, sua abundância, bem como seu rico e extenso manancial aqüífero, Paraibuna faz jus ao lema Super Flumina, que em latim significa Sobre as Águas, inserido na cártula na parte inferior do Brasão.

Uma curiosidade: Com o levantamento do nível dos rios represados no final dos anos 70, Paraibuna, ao contrário deste, passou a ficar abaixo do nível das águas.



Foto: Nelson Wisnik.

Paraibuna

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