quarta-feira, 25 de julho de 2012

Percursos e Altimetrias da prova de Corrida de Montanha


Percurso curto, 6km870m


 Percurso longo, 13km600m


Para saber mais:
http://corridasdemontanha.com.br/site/?p=5521
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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Corrida de Montanha em Paraibuna

copa paulista de corridas de montanha etapa paraibuna

Paraibuna sediará a sétima etapa da Copa Paulista 2012 de Corridas de Montanha no dia 29 de julho, para saber mais visite a página da organização no menu "visite" ao lado.
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sábado, 14 de maio de 2011

Armazém de Secos e Molhados

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por Célio de Abreu
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Este grande e bem montado armazém pertencia a Agostinho Peres da Silva e estava localizado a rua Coronel Martins, ou rua de baixo, como era também conhecida.
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Ele era filho de Emígdio Peres da Silva, italiano de nascimento, conhecido na cidade por suas qualidades intelectuais e sua mãe chamava-se Rosária e tinha mais 5 irmãos; José ( Juca Peres) que trabalhava no armazém, Emígdio, Celebrino, Benedicta e Rosa.
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Sua mãe Rosária era filha da Nhá Tude ( Gertrudes) irmã do Dominguinho folheiro antigo morador da rua Dr. Oscar Thompson e tinha dentre outros filhos, o João ‘Canequinha’ também falecido, que residiu por muitos anos na rua Humaitá.
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O armazém estava localizado numa esquina do beco da prefeitura e tinha uma escada de pedra que descia até o rio e era utilizado por pescadores e moradores das imediações que ali descartavam os mais diferentes inservíveis.
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As lavadeiras procuravam outro beco rio acima, onde havia pedras na margem esquerda do rio.
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Em frente, do outro lado da rua, ficava a casa das irmãs Eliza e Inês que eram costureiras e emprestavam a casa para as irmãs do Instituto Santo Antônio para ensino preparatório de primeira comunhão.
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Em geral os armazéns de secos e molhados comercializavam quase os mesmos produtos e os moradores costumavam comprar nas vendas de costume, ficando fregueses á estes armazéns a vida inteira, pagando por mês ou por ano.
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Nestas ‘Vendas’ encontrava-se tudo que uma família necessitava.
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Os derivados da cana de açúcar, derivados do milho e da mandioca, tabaco, peixe salgado, feijão a granel, queijo e manteiga, aguardente, amendoim, ferramentas para lavoura, anzóis para pesca, chumbo e pólvora para caça, querosene para iluminação, panelas de ferro, carne seca e sal grosso para moer em casa.
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A fotografia é provavelmente do ano de 1929, pois encontramos um anúncio deste estabelecimento no jornal “O Parahybuna” em sua edição do mês de maio ressaltando a qualidade de seus produtos, o preço baixo e o número do telefone 12.
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Cremos que neste final dos anos 20 haviam poucas residências atendidas pelo serviço telefônico e não conseguimos imaginar qual a funcionalidade de se pintar o número do telefone na fachada do prédio.
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O tráfego aumentou muito com o passar dos anos, pois a rua Cel. Martins servia de estrada para o litoral e no início de 1960 a administração municipal não teve outra alternativa a não ser demolir os prédios que tinham fundos para o rio Paraibuna afim de alargar a via.
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E este velho armazém, assim com muitos outros estabelecimentos comerciais e residências foram desapropriadas e demolidos para a abertura da avenida Beira Rio.



sábado, 7 de maio de 2011

Rua Coronel Camargo, a "Rua do meio"

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por Célio de Abreu.
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Nesta fotografia o que mais nos chama atenção é o calçamento da rua feito com o sistema de pedras macadamizadas, que em Minas Gerais são chamadas de ruas capistranas.
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Este sistema de calçamento servia para prover segurança aos pedestres, aos bois de carro e as tropas de burros, u
tilizadas principalmente em locais com declividade.
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O calçamento, seguramente foi posto em prática pela Câmara Municipal por ordem de seu presidente, ao intendente municipal que, depois da proclamação da República passou a ser o prefeito, chefe do poder Executivo.
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O sistema consistia em encaixar pedras previamente aparadas de forma que pudessem proporcionar segurança e não desencaixassem uma das outras, usando-se para isso, uma ferramenta chamada escopro.
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Outra finalidade era evitar a erosão da via pública e para drenar as águas da chuva, era habilmente sulcadas no meio da rua extensas valetas, mas causava acidentes e muitos escorregões nos tempos de chuva e aos poucos as pedras foram sendo retiradas e substituídas por paralelepípedos melhor aparados.
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A procissão nos parece que leva o andor de São Benedito por negros desta Irmandade e atrás Nossa Senhora das Dores, e é perfeitamente visível a importância da data observando-se os trajes usados pela elite agrícola local.
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Nesta casa a esquerda residiu po
r muito tempo o português Capitão Arthur Cândido Alpoin, e esta residência serviu de Cartório nas duas primeiras décadas do século XX, onde ele era o primeiro tabelião.
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O segundo tabelião, o Sr. José Elias Cantinho, o escrivão do jury e registro de hipotecas o Sr. Trajano de Faria e o escrivão de Paz, o Sr. Aurélio da Silva Santos que estavam próximos no momento da traumática venda da fazenda do Porto para um fazendeiro de Paraisópolis, Minas Gerais.
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A história oral nos conta que quando o preço da arroba do café desceu a seu nível mais baixo no mercado internacional, para tristeza dos prósperos cafeicultores paraibunenses, não havia mais quem fizesse frente à venda daquela fazenda e pudesse fazer uma contra oferta aos RS. 70:000,000 réis.
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Esta transação trouxe muita discórdia entre mineiros e paraibunenses, o café caia de preço, era chegada a hora do leite, que começava sua longa marcha pelas terras férteis de Paraibuna.
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Os casarões e solares da zona urbana vão sendo demolidos, bem como as sedes das centenárias fazendas de café vão desmontadas para utilização do medeirame, onde tinha um casarão agora virou mangueiro, casa de colono, barracão de ferramentas, casa para os membros da família.
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Cortaram os pés de café e nos vales e morros férteis, tomou conta a braquiaria e o gado de leite.
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Á direita, um portão que teria sido tenda de ferreiro para atender tropeiros, cavaleiros e carreiros de boi, estabelecido estrategicamente a margem da estrada que seguia para o litoral.
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Na foto observamos o registro 14 de novembro de 1894 e o fotógrafo estava na sacada da casa do Coronel Francisco Ferreira Martins, que dá nome à rua de baixo e que serviu depois como Hotel, armazém e residência do Sr. João da Matta nos anos de 1940/1950.
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Em maio de 2011 fotografei a "rua do meio" praticamente da mesma posição e ângulo:

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quinta-feira, 7 de abril de 2011

à procura

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No dia 22 de março passado recebemos a mensagem abaixo, seremos gratos a quem tiver informações que possam ajudar Sra. Carolina a localizar a Dona Martha.

"Olá, tudo bem?

Vejo que é um homem apaixonado por Paraibuna e sabe muito da cidade. Encontrei seu blog pois estou a procura de uma mulher chamada Martha que viveu no Instituto Santo Antonio no início dos anos 60. A mãe de Martha a deixou no instituto junto com os irmãos, pois estava passando necessidades por se separar do marido que a maltratava. Mas por uma provável vingança o marido levou os meninos e entregou a menina, de quem ele assumidamente não gostava, para adoção. E a mãe perdeu os 3 filhos. Os meninos ela reencontrou há dois anos, mas não temos notícias da Martha, se realmente foi adotada. Há mais de 50 anos ela procura pela "menina", hoje uma mulher que tem 52 anos. Queria muito que você pudesse nos ajudar.

Meu e-mail é carol-russell@hotmail.com

Carolina Montes"

O Sr. Célio de Abreu nos ajudou recuperando informações históricas sobre a instituição, colocadas na postagem anterior a esta, que poderão, eventualmente, ajudar a recuperar memórias.
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Instituto Santo Antônio


por Célio de Abreu

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Em 1º de maio de 1914 as irmãs da Companhia Filhas da Caridade Superiora Irmã Lê Conte, a irmã Maria José, irmã Maria Mello começam a traçar os primeiros planos para construção de um Externato e contaram com auxílio do Bispo de Taubaté Dom. Eppaminondas Nunes Ávila e Silva..
Esperavam reduzir a carência de muitas crianças abandonadas ou órfãs que andavam a esmo pelas ruas da cidade e requerendo assim, a vinda de algumas pessoas daquela Irmandade para se iniciar um trabalho educacional e assistencial aos menores carentes.
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Em 1916 o lançamento da pedra fundamental do futuro Externato São José e as irmãs contavam já neste tempo com o voluntariado de uma jovem de nome Olívia Moura, que ficou tempos depois conhecida com Santinha Moura, que hoje é nome de escola na cidade.
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Em 1918, as irmãs passam a desenvolver suas atividades no coro da Igreja do Rosário e neste mesmo ano fundam a Associação Beneficente Santo Antônio.
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Em 1923 receberam autorização do Governo do Estado para funcionar como estabelecimento de ensino, que contava na época com o paraibunense Dr. Oscar Thompson que era Diretor Geral de Ensino do Estado.
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Em 15 de outubro de 1923 o externato São José já concluído, recebe autorização da Diretoria Geral de Instrução Pública de São Paulo para funcionar.
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Durante os anos de 1930 a 1935, contaram com o apoio do professor Abílio de Carvalho, professor do Grupo Cerqueira César desde seus primórdios.
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Em 1943 passam a receber pensionistas em regime de externato e a receber as filhas de proprietários rurais residentes na zona rural facilitando o acesso a educação oferecendo uma alternativa para quem não podia mandar os filhos estudar em Taubaté.
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Em 1952 passa a funcionar curso ginasial e pela primeira vez, pensionato para alunas que residiam afastadas da cidade, antiga reivindicação dos pais de alunos.
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Devido à inexistência de curso ginasial na cidade, que acarretava a interrupção dos estudos de grande parte da juventude local, à diretoria do Instituto realizou novos contatos com órgãos competentes da Capital, com a finalidade de se instalar um curso ginasial na cidade.
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Aos 17 de novembro de 1951, passou a funcionar o tão aguardado Ginásio ‘São José’ ainda sob a direção das Pequenas Missionárias de Santa Catarina de Labourê.
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Em 1957 passa a funcionar a Escola Normal Particular “Divina Providencia” tendo como diretora, a Irmã Zoé Lopes.
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Em 1963 foi inaugurado o Ginásio Estadual de Paraibuna e em 1967 passou a ser denominado Orfanato Santo Antônio.
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Em 1976 recebeu o Projeto de Prevenção ao Abandono do Menor, que tinha como metas principais, o atendimento em regime de internato para menores.
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Desde então Irmãs da Caridade, continuam direcionadas a educação de crianças através de atividades culturais e ocupacionais contribuindo para formação cultural e moral de das crianças e adolescentes de Paraibuna.

Nota do Blogeiro: na postagem "o Instituto Santo Antônio", de 14 de fevereiro de 2009, há comentários e depoimentos de ex-alunas e/ou parentes, interessantes de se conhecer

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

atualização: volume de água no reservatório da UHE Paraibuna

Paraibuna reservatório hidreletrica UHE
O gráfico ilustra a evolução temporal do nível do reservatório da UHE Paraibuna. No eixo horizontal está representada a cronologia dos eventos desde outubro de 2001.

Atualmente o volume de água no reservatório é o maior desde o final de 2001.

Para entender melhor o gráfico veja a postagem de 01 de março de 2009.

Fonte: INPE
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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sítio arqueológico é descoberto em Paraibuna

.Paraibuna arqueologi sítio arqueológico GASTAU Petrobrás
por Ursula Cristina Correa

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Durante o trabalho de limpeza do terreno do bota-fora 12, em Paraibuna (SP), a equipe do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau) encontrou um sítio arqueológico extenso. As peças são de origem atribuída aos índios tupis, provavelmente datadas entre os séculos XIII e XVI. A descoberta foi feita no início do mês de fevereiro e o trabalho de resgate deve se estender por 90 dias.
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O Professor José Luiz de Morais, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE/USP), instituição que desenvolve o Programa de Prospecção Arqueológica no Gastau, afirma que o sítio é denso e, aparentemente, muito importante. De acordo com o professor, as peças pertenciam a povos agricultores pré-coloniais do sistema regional de povoamento Tupi. Ele conta que sítios com esta densidade são bastante raros, porém a expectativa é de que, na região, ainda sejam descobertos novos sítios, já que essa é uma característica da Bacia do Rio Paraíba do Sul.

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No local foram encontrados fragmentos de cerâmica (argila moldada em forma de vasilhas e queimadas para adquirir consistência) e objetos de pedra lascada e polida, além de um fragmento de lâmina de machado polida.

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A partir de agora o trabalho consiste na escavação e resgate de materiais. A expectativa é encontrar núcleos de solo antropogênico que correspondem ao local das casas da aldeia e possivelmente outros fragmentos. Existe a possibilidade de montagem de vasilhas e outras peças.

O sítio será resgatado nos termos do projeto aprovado pelo Instituto Patrimonial Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e os materiais serão analisados no laboratório do MAE/USP. Paralelamente, acontecerão atividades de Educação Patrimonial voltadas ao estudo e trabalho da obra. Ao final dos trabalhos, será organizada uma coleção expográfica (coleção de materiais que pode ser usada em exposições), a ser oferecida à Prefeitura de Paraibuna para exposições e atividades didáticas.
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Fotos: Bruno Kelly

Notícia publicada por Marco Antônio Pessoa Veloso de Almeida em 23 de março de 2009, na Sala de Notícias, órgão de divulgação da Engenharia da Petrobrás. Reprodução autorizada pela AGCOM.

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domingo, 26 de abril de 2009

as intermitências da morte

intermitências da morte josé saramago paraibuna cemitério

José Saramago, em seu romance As Intermitências da Morte, apresenta esta magoada com a injustiça humana a seu respeito e que, se ausentando, acaba por criar situações insólitas mas, ainda assim, divertidas.

Em certo momento os moribundos, impedidos de alcançar o descanso eterno, organizam uma passeata de protesto onde, à frente, carregam uma faixa enorme com os dizeres "Nós que tristes aqui vamos, a vós todos felizes esperamos".

A frase, embora parecida com aquela do pórtico do cemitério de Paraibuna - "NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS", tem sentido diverso.

No texto de Saramago, a palavra "Nós" se refere aos moribundos, tristes já por não poderem descansar, e a palavra "vós" se refere à morte, a quem todos esperam, e felizes estariam com sua chegada.

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Foto: autor desconhecido

domingo, 15 de março de 2009

Para aí, buna!

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por Beatriz Cruz


No meu tempo de escola, ao acabar o primário, tínhamos que prestar um exame para entrar no ginásio. O primário tinha quatro séries e o ginásio outras quatro.

Enquanto cursava o quarto ano, muitos colegas faziam um cursinho por causa deste exame e eu queria também. Mas mamãe achou que eu não faria direito nem uma coisa nem outra. No final do ano, gente mais atrasada do que eu entrou no ginásio! Indignada, me inscrevi para a segunda época – isto é, outro exame em fevereiro. Tive aulas particulares de matemática e português, estudei durante as férias inteiras.

Chegado o grande dia, fui nervosa para a escola. Antes de entrar na sala, olhei a lista dos candidatos e nela constava um Índio Tupinambá Americano do Brasil. Achei estranho. Fiquei observando todos os meninos, mas não vi nenhum índio por ali. Imaginei um garoto vestido de tanga, com a cara pintada...

Primeiro, tivemos que fazer uma pequena redação. Depois, descabelei-me com os problemas de Matemática. Com mais segurança, fui respondendo as perguntas sobre História do Brasil e Geografia. Um pouco antes de terminar, porém, empaquei na última questão: “Escreva tudo o que sabe sobre o rio Paraíba”.

Pensei, pensei e de nada me lembrei. Que coisa horrível essa Geografia! Deixei a resposta em branco.

Acabei sendo aprovada, mas quase levei uma surra de mamãe. Como é que não me lembrava daquele rio? Por acaso tinha me esquecido dos piqueniques que fazíamos às suas margens, naquela prainha tão gostosa? E de tudo o que ela repetia toda santa vez que por ali passávamos?...

... Que o rio era formado ali perto por dois outros - o Paraitinga, que vinha lá de São Luiz, e o Paraibuna, o mesmo nome daquela cidade do cemitério onde os defuntos por nós esperavam?... Aquele nome que a gente gostava de dizer “Para aí, buna!”, sugerindo outra coisa?...

...E que tornado Paraíba ele banhava toda a nossa região, o importante Vale do Paraíba? E que por sua causa víamos tantos arrozais por aqui?...

Para aí, menina. Presta atenção!

texto publicado em 15 de março de 2009 em http://www.usinadeletras.com.br/

Foto: Nelson Wisnik

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A descida da serra

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por Beatriz Cruz



Férias em Caraguatatuba demandavam preparativos especiais. Era preciso levar tudo. Até comida. Lá não se encontrava leite fresco com facilidade, nem carne bovina. Nos pobres mercadinhos o que havia mesmo era peixe em profusão. E bananas. Carregávamos, então, um sortimento de latas de leite condensado. E sacos de arroz, feijão, farinha, batata, café...

Tudo isto, mais roupas de cama, toalhas de banho, malas, bolas, bicicletas... Não cabia no carro. A enorme bagagem e algumas crianças seguiam num jipe com reboque atrelado.

Até Paraibuna a viagem transcorria calmamente, o único susto acontecia diante do cemitério da cidade. Já conhecíamos os dizeres acima do portão, mas quando ali passávamos líamos em voz alta, com entonações soturnas: “Nós que aqui estamos por vós esperamos”. Achávamos que os fantasmas não gostavam de crianças contentes a caminho da praia. Tínhamos certo receio de que nos seguissem, invisíveis...

Logo adiante, já nos esquecíamos deles ao parar numa prainha à beira do rio. Era a hora do pique-nique. Comíamos sanduíches e brincávamos um pouco com as mãos na água fria.

A pausa não podia se alongar, tínhamos chão pela frente. O pior trecho a transpor, a descida da serra.

As curvas causavam transtornos a todos. O motorista devia ficar muito atento. As crianças se jogavam umas por cima das outras a cada virada. E davam risadas estridentes. Ou então brigavam.

Em meio à balbúrdia, alguns enjoavam. Era preciso parar e colher folhas de erva-cidreira. Apertadas nas mãos, elas exalavam um perfume gostoso que acalmava estômagos. Mas cortavam os dedos!

Logo nos distraíamos olhando a paisagem. O Pico do Papagaio sempre nos impressionava. Depois, prestávamos atenção para ver quem seria o primeiro a enxergar o mar lá em baixo. Quando o descobríamos, que maravilha!

Alguns carros nos ultrapassavam e nestas horas uma nuvem de poeira se formava. Rodávamos depressa as manivelas para levantar os vidros. Tia Maia, que às vezes ia conosco, usava máscara para proteger o nariz. Deste modo, chamava a atenção e nós achávamos engraçado o olhar espantado das pessoas. Se fosse hoje em dia, pensariam que escondíamos um ET.

Para aqueles que iam no jipe, nada a fazer, a poeira entrava por todos os lados. A diversão era ver cabeças morenas se transformarem em loiras. Fazíamos também um concurso e ganhava quem tirava do nariz a bolota de barro mais perfeita.


Terminada a viagem, batíamos nas costas dos outros só para ver um pozinho se levantar.

Sempre, ao chegarmos ao alto da serra, mamãe nos contava da sua primeira viagem ao litoral. Ela dizia que a estrada, mais precária ainda, terminava ali, onde alguns homens acompanhados de cavalos aguardavam os passageiros. Quem quisesse chegar à beira-mar tinha que seguir montada no lombo dos animais. Crianças pequenas iam ao lado das mães, dentro de cestos de vime.

E a caravana descia a serra, lenta e cuidadosamente, por trilhas no meio da mata.

publicado em 17 de setembro de 2007 em http://www.usinadeletras.com.br/

Foto: Nelson Wisnik
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domingo, 8 de março de 2009

o recado

Paraibuna

Em 1998, inspirado no recado que emoldura a entrada do cemitério de Paraibuna, "NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS", Marcelo Masagão dirigiu o documentário de nome "Nós que aqui estamos por vós esperamos", no qual expõe os conflitos entre a esperança, a loucura, o desenvolvimento tecnológico, as duas grandes querras.

O filme traz imagens do século XX mas bem pode ter continuidade com imagens mais recentes de guerras persistentes, o risco advindo do aquecimento global, a derrocada da economia globalizada.

Em 1999 o filme foi premiado no Festival de Gramado (melhor montagem) e no Festival do Recife (melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem).

A ficha técnica do filme, os personagens e suas histórias, artigos e textos publicados a seu respeito, podem ser acessados ativando o link do filme em "Visite" na barra de menu deste blog.

Algumas partes do documentário podem ser assistidas ativando os ícones em "o documentário" no menu ao lado.

Foto: Nelson Wisnik Paraibuna

domingo, 1 de março de 2009

o nível do reservatório da UHE Paraibuna

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O gráfico ilustra a evolução temporal do nível do reservatório da UHE Paraibuna.

No eixo horizontal está representada a cronologia dos eventos desde outubro de 2001.

A precipitação média de longo prazo é ilustrada através das colunas na côr cinza, enquanto que a precipitação observada a cada mês está representada através das colunas na côr azul. A escala da intensidade das chuvas está representada na lateral esquerda do gráfico.

A linha em vermelho representa o nível do reservatório de Paraibuna, percentualmente em relação ao seu volume útil total, e sua escala está representada na lateral direita do gráfico.

Simplificadamente, pode-se observar que em 2002 e 2003 as chuvas ocorreram em antecipação e em menor intensidade que a média, tendo por consequência o baixo nível do reservatório.

De 2004 a 2006 as chuvas chegam a superar a média promovendo a recuperação do nível do reservatório, que novamente se reduz em 2007.

As fortes chuvas em 2008 e neste início de 2009 recompõem o nível do reservatório, que se encontra atualmente com 79% da sua capacidade.

Fonte: INPE

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histórico de chuvas em Paraibuna

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O gráfico ilustra a incidência de chuvas na região de Paraibuna nos últimos dois anos.

No eixo horizontal, da esquerda para a direita está representada a cronologia dos eventos, iniciando em fevereiro de 2007. A última coluna à direita representa a incidência de chuvas no mês de fevereiro de 2009. O pequeno retângulo laranja quantifica a chuva do dia 28.

A altura de cada coluna, mensal, é proporcional à precipitação de chuvas observada em cada mês, medida em "mm" (milímetros). Cada milímetro de precipitação é equivalente a um litro de água de chuva por metro quadrado ao longo do mês.

A linha cinza com pontos em cada mês ilustra a precipitação medida em longos períodos, ou seja, a precipitação média esperada para cada mês, servindo de parâmetro de "normalidade". Pode-se observar que nos meses recentes de novembro e dezembro as chuvas foram acima da média de longo prazo.

A incidência de chuvas resulta diretamente no nível do reservatório da UHE Paraibuna e na sua capacidade de manter a produção de energia elétrica "firme".

Fonte: INPE

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Coreto, ontem e hoje

Paraibuna
por Célio de Abreu


Quando foi construída a Igreja de Santo Antônio, a qual conhecemos hoje isto é, em 1886, não havia nada em frente, havia apenas um imenso terreiro, o qual era popularmente conhecido como ‘pátio’, denominação que até hoje ainda se usa para designar os pátios das escolas.


Foi somente na primeira metade do século XX, no ano de 1927, que o então prefeito municipal, o senhor Joaquim Lopes Chaves de Alvarenga construiu a praça com jardim e coreto.

A praça da Matriz calçada, iluminada e com coreto para apresentações musicais, passou a servir como local preferido para os encontros sociais e familiares.

Sabemos que no século XIX estes encontros sociais na zona urbana se restringiam há poucos dias por ano, batizados, casamentos, procissões. A praça passou ainda a receber vários bancos de madeira e jardins gramados e adornados com flôres.


O coreto servia principalmente para as apresentações das Corporações Musicais, as famosas ‘bandas’, como eram carinhosamente conhecidas.

Os comícios eleitorais também se realizavam deste coreto, bem como apresentações de músicos de outras localidades.



O projeto original de 1927 perdurou por alguns anos, não sabe ao certo, mas com o passar do tempo, as próximas administrações municipais foram fazendo novas modificações até a completa descaracterização em meados da década de 1970.

Foi somente em 1989 que novamente passou por outra reforma com o objetivo de trazer as características originais de volta a velha praça.

Houve no entanto quem desaprovasse alguns itens desta reforma, questionando-se a não similaridade com o projeto original de 1927. As muretas que emolduravam o gramado e o coreto eram bem mais altos a que encontramos hoje.

As luminárias com globo de vidro branco redondo, também originais de época, foram subtraídas e mesmo os postes de ferro fundido também foram sendo substituídos.

As lixeiras que encontramos hoje na praça não eram necessárias antigamente, já que os moradores não tinham o hábito de jogar lixo no chão.

Os bancos de madeira da época da inauguração eram diferentes dos que encontramos hoje, pois eram compostos com uma tábua para encosto e duas tábuas para assento.



A cobertura original do coreto era de telhas de barro cozido, ao contrário das folhas de zinco e a jardinagem procurava exibir floreiras coloridas, pequenos arbustos e folhagens, ao contrário das altas árvores a qual encontramos hoje.

Não sabemos as cores escolhidas na época da inauguração e não encontramos até o momento, registro oral capaz de assegurar a informação correta, mas tudo nos leva a crer que fossem brancas.


Independentemente das características originais terem desaparecido quase que por completo, ainda sim o coreto na praça da Matriz guarda muitos aspectos importantes para a revitalização da memória da população paraibunense.

Enfim, embora tenha sofrido várias descaracterizações arquitetônicas nestes mais de oitenta anos, a praça da Matriz ainda hoje serve como principal ponto de referência para encontros sociais, artísticos, políticos e religiosos da cidade de Paraibuna.

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Fotos: Coleção Walter Santos (disponíveis para cópia na Fundação Benedicto Siqueira e Silva)

. Paraibuna

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Paraibuna e as cidades do Vale do Paraíba do Sul


por Célio de Abreu


Há (dentre outros), certos equívocos que a população local teima em reiterar: que Paraibuna é um dos maiores municípios dos Estado e o maior do Vale do Paraíba paulista.

Duplo engano, sua área é a sexta maior do Vale e com relação a área de outros municípios do Estado deve estar na 10ª posição ou ainda além, visto o tamanho que é Presidente Prudente, Campinas, Jundiaí e outras.

E para que os visitantes deste BLOG saibam então como está recortado a área destes municípios na região onde nasce e corre o Paraíba do Sul, listamos abaixo as áreas (em quilômetros quadrados) dos trinta e nove municípios do Vale do Paraíba no Estado de São Paulo, segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:


. ..Cunha - 133.3 km2
. ..S. J. Campos - 114.2 km2
. ..Natividade da Serra - 84.8 km2
. ..Pindamonhangaba - 74.6 km2
. ..S. Luís do Paraitinga - 73.7 km2
. ..Paraibuna - 73.5 km2
... Guaratinguetá - 73.4 km2
... Ubatuba - 68.2 km2
.. . Bananal - 61.5 km2
10º ...Taubaté - 60.9 km2
11º ...São José do Barreiro - 60,0 km2
12º ...Caraguatatuba - 48.0 km2
13º ...S. Sebastião - 47.9 km2
14º ...Jacareí - 46.3 km2
15º ...Salesópolis - 41.8 km2
16º ...Silveiras - 41.2 km2
17º ...Lorena - 40.0 km2
18º ...Caçapava - 37.8 km2
19º ...M. Lobato - 33.8 km2
20º ...Ilha Bela - 33.6 km2
21º ...Redenção da Serra - 31.7 km2
22º ...Cruzeiro - 31.4 km2
23º ...Areias - 30.4 km2
24º ...Igaratá - 30.1 km2
25º ...Santa Branca - 28.9 km2
26º ...Campos do Jordão - 28.8 km2
27º ...Cachoeira Paulista - 27.7 km2
28º ...Lagoinha / S. Bento do Sapucaí - 25.7 km2
29º ...Queluz - 24.2 km2
30º ...Jambeiro - 19.8 km2
31º ...Tremembé - 18.5 km2
32º ...Piquete - 17.0 km2
33º ...Lavrinhas - 16.7 km2
34º ...S. Antônio do Pinhal - 14.1 km2
35º ...Arapeí - 13.8 km2
36º ...Roseira - 12.1 km2
37º ...Aparecida do Norte - 12.0 km2
38º ...Canas - 7.0 km2
39º ...Potin - 4.5 km2

Mapa:

http://www.cidadeaparecida.com.br/aparecida/municipio/cidade/mapavale.jpg.

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Histórico do município

. Paraibuna

por Célio de Abreu

O município está localizado na região geográfica denominada alto vale do Paraíba.

Alto vale, porque entre as montanhas da Mantiqueira e Serra do Mar, o rio Paraíba do Sul só passa a correr no médio vale, partir do município de Guararema.

Em seus mais de setecentos quilômetros quadrados, encontramos um rico manancial aqüífero e muitos rios importantes tem sua formação em nossa cidade.

No alto da serra do mar o grande rio Lourenço Velho, o Paraitinga do sertão e o Tietê, que recentemente passou a pertencer ao município vizinho de Salesópolis.

O Paraibuna e o Paraitinga formavam o Paraíba do Sul até meados dos anos setenta e conta ainda com dezenas de córregos, do Pinhal, dos Macacos, do Campo Redondo, do Jataí; os ribeirões Lavapés, do Cedro, do Rio Claro, do Salto, da Fartura e tantos outros.

O aglomerado populacional se iniciou logo após a vitória completa sobre os índios Tamoio, onde nas primeiras décadas do século XVII começaram a se dirigir para esta localidade os primeiros bandeirantes a procura de pedras e minerais preciosas.

Tempos depois, com um número razoável de famílias, o Governador de São Paulo ordena a fundação de Santo Antônio da Barra do Parahybuna, a barra, a qual se refere, é onde o rio Paraibuna se encontra com o rio Paraitinga e se forma o rio Paraíba do Sul.

Em momento histórico posterior, Paraibuna passa a receber pequenos agricultores ao longo das estradas que se ligava com a Capital para plantar roças de milho, feijão, mandioca, para oferecer pousada a tropeiros e mascates que vinham do sul de Minas Gerais e de São Paulo em direção ao litoral.

A produção e comércio de alimentos com as cidades vizinhas foi o grande responsável pela estabilidade econômica de Paraibuna por mais de cem anos, ciclo de progresso que começou a se extinguir no fim dos anos de 1960.

Num momento posterior, com o aumento da produção de café, abriram-se na cidade, nos bairros e estradas, muitos empórios de secos e molhados, vendas, armazéns e Paraibuna vê, ano a ano, sua população crescer e a produção de alimentos aumentar cada vez mais.

A riqueza do café que se iniciou a partir de 1830, durou até 1929, pois, anos antes, esta produção de café aumentou demais, pois outros países começaram a também cultivá-lo.... muita produção, pouco consumo.

Já nos primeiros anos de 1930, começam a chegar na cidade os primeiros pecuaristas vindo de Minas Gerais, com o objetivo de criar gado de leite e ano a ano, foram chegando mais famílias oriundas, principalmente da região sul de Minas.

Com a construção da represa em meados dos anos de 1970 as terras férteis de várzea foram sendo ocupadas pela água e muitos bairros desapareceram ou tiveram suas terras inundadas como Varginha, Remédio, Barra, Escaramuça, Mata Onça, Comércio e muitos agricultores e pecuaristas foram obrigados a abandonar suas propriedades.

Inicia-se um processo de empobrecimento financeiro que vem repercutindo decisivamente no dia a dia da cidade, que conta com hoje com o turismo para revitalizar sua economia, preservar sua história e conseqüentemente melhorar a qualidade de vida de sua população.
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Foto: Nelson Wisnik
. Paraibuna

um dilema

. Paraibuna
por Célio de Abreu


Há um dilema antigo a respeito da frase inscrita na portada do Cemitério Municipal de Paraibuna, onde se lê: "NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS".

Há mais de um século os moradores dão suas versões a respeito desta frase aparentemente tão simples de se interpretar. Cada qual tem sua versão e eu, particularmente, também tenho a minha própria, a qual exponho a seguir.

A questão, a meu ver, é saber a quem se refere o “NÓS” e a quem se refere o “VÓS".

Se observarmos que a frase inteira está escrita em letras maiúsculas então este “NÓS” pode se referir aos falecidos lá sepultados à espera dos que ainda estão vivos aqui fora.

Mas, pode ser que a frase originalmente tenha sido idealizada com a primeira letra da sentença em maiúscula e, por questões estéticas ou, por facilidade ou descuido no processo de fundição das letras, todas tenham sido gravadas em maiúsculas.

Sendo assim, o "Vós" (com o V maiúsculo) pode estar se referindo a Deus, e o nós, em minúscula, pode estar se referindo aos mortos que estão em seus jazigos à espera de serem julgados e, alcançando a salvação, possam, um dia, ascender aos céus.

Resumindo: A frase se refere a quem está dentro esperando pela morte dos que estão fora ou, quem está dentro está a espera da salvação Divina.

Esta é minha interpretação para esta intrigante frase que emoldura a entrada do cemitério de Paraibuna.


Foto: Nelson Wisnik

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a Santa Casa de Misericórdia

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Foto: Nelson Wisnik
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o Instituto Santo Antônio

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Foto:Nelson Wisnik
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